quarta-feira, 28 de julho de 2010

Menina


Vou tocar a campainha
e fugaz esvaindo em risadas,
devo fugir e me esconder no meio
de nuvens de giz.

Penso assim, tão pequena
nesse mundo tão gigante
só quero ser feliz,
sorrir como ninguém e mostrar
os dentes coloridos de chilete
como também minhas covinhas gigantes!

Já que é tão triste a realidade,
depois de aceitar tanta fatalidade
não devo, não posso partir
com tristeza, presa em páginas
vazias e tristes fotografias.

Vou pintar o céu
com todas as cores felizes,
subir em um balão
e apontar as diretrizes!

Pequena grande menina,
correndo para a vida
aceitando os fatos,
porém deixando de ser infeliz.
Pintando o mundo com o nariz!



@listen_ She & Him - Why Do You Let Me Stay Here?

PhotoBy: Jordy_B
http://
flickr.com/photos/jordyb



quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lembrança

Aquele estranho que vi na rua,
penso que o vi uma vez por aí
em qualquer rua, esquina, parque,
embarque ou desembarque.

Aqueles que passaram por mim
arranhando minha alma e
curando dias ruins,
deixaram boas feridas.
Marcas que jamais serão esquecidas.

Esses sim estranhos não são!
São seres que iluminaram meu sol
e fizeram brilhar minha lua,
alegrando meu céu particular
cheio de estrelas cadentes.

Deles impossível esquecer,
quiçá deixá-los guardados
levando para cada esquina, parque ou embarque.
Levarei em minha bagagem especial
chamada lembrança que se faz presente
em cada cheiro, cor e mar...
em todo lugar.


terça-feira, 6 de julho de 2010

Espera

O sentimento que a espera nos causa,
é o pior quando passa por mim.
Invade meu corpo sustentando a esperança
já descrente, me fornecendo uma dose de medo
e um balde de calafrios.

Meus batimentos correm rápidos
pelo tempo, saltando o tic-tac
como se o mundo estivesse acabado
e meus olhos contemplassem
uma tristeza toda pura.

Minha espera traz a esperança
desiludida, que em uma lágrima contida
a decepção que reside em minha alma
e inunda meu corredor, afoga meu andar.
Esse é o sentimento de espera.
È o que a expectativa causa em mim
assim, simples assim.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Acaso

Pegou-me desprevenida
no meio da avenida,
eu de olhos fechados,
sorria, sentindo o suor
descer enquanto cantava
qualquer samba triste.

Arrastou-me para dentro dele,
iluminando meus olhos
dando vida aos sonhos há tanto adormecidos
ao amor tão desbotado, esperando novas cores.

Deitou-me ao seu lado,
claro que muito educado!
Acariciou-me como se uma relíquia eu fosse
trazendo-me à vida, toda despida.

Ah! Agora amo,
amo o desejo como também amo o medo.
Amo o gostoso começo como também
não suportaria o fim.
Amo sua existência que por hora
completa a minha.

Acentuando meus desejos,
misturando amor e o ódio
tornando tais elementos
uma única essencia
com total impacto em meu existir.

É na avenida, nos arcos
e por todo canto da maravilha
onde o acaso nos escraviza.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Hiato

Prefiro o hiato,
pois é onde deito,
onde o meu silêncio habita
e onde gosto de estar.

Existe a pausa em palavras
e no borbulhar das águas dando
espaço ao pensar.

Na doçura de
lábios cerrados
e olhos fechados
eu penso como pesa meu pesar.

È em profundo escuro
onde buscamos nossos
maiores desejos
e digerimos nossa vida,
nosso penar.

È em sonho,
distante de tudo,
no hiato profundo
e no silêncio terno...
Onde até mesmo as nuvens
são comestíveis
e a chuva é cevada!

Onde encontramos a entrada
para nosso verdadeiro mundo
todo escuro e todo tácito.
Mudo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Vórtice

E no primeiro momento,
ele surgiu em meio a poeira
do sebo
e o vento que varria
a calçada do extenso comércio burguês.
Acenei para um freguês
e me peguei observando alguém
com um caminhar leve e um olhar
que se muito apreciado
poderia talvez até matar...

Singela e sútil
quase como uma imbecil,
pude sentir seus olhos
lindos, profundos e
presos aos meus.
Logo conheci um novo mundo.

E no segundo momento
enquanto tomávamos um café
e fumávamos um cigarro...
Pude sentir o quão
ele me levou para longe
de mim, longe da razão.
Lá estava eu mais uma vez
pensando com o coração.

Naquele espaço,
onde perdi meu laço
e acompanhei o compasso,
descompassado do arranjo
que bombeava o meu sangue.
Me questionei...

E quando tal mundo
eu não puder mais visitar
Chorarei eternamente
até meu corpo secar?

Toda terra poderá estremecer
caso eu não possa mais te ver.
O medo confronta meu coração
minha alma confronta minha razão,
irei novamente caminhar com o sofrer?!

Não, não, não e não!
Preciso recuperar minha razão.
Meu tempo sozinha
não poderá ter sido em vão.

Depois de voar a realidade,
voltei a olhar profundamente os olhos
que me prenderam pela eternidade.
E encarando aquele mundo
bem a minha frente me coloquei a filosofar...

Quero um mundo de emoções
com amores e cores,
vivências e decepções.
Levando em meio lágrimas e sorrisos
a vontade de viver
a vontade de sofrer
para que eu possa aprender
e não me arrepender um dia
de amar e colocar tudo em risco
sempre que aparecer um novo mundo
nos olhos, novas decepções e emoções.

Ficarei então presa a essa real e presente fantasia
contemplando todos os crepúsculos junto a ele
sem estimar e pensar no amanhã.
Adeus, deixe recado pois estou arriscando

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Novela das sete

Na espera está a esperança
contra a tragédia
vista nos olhos de uma criança.

Vi balas no céu
e explosões ao meu lado.
Um amigo amputado,
que já não podia ser amparado.

Gritei para os céus
perguntando por salvação
esperei que alguém respondesse
na hora levei um tiro,
ficando sem respiração.

Saboreando meu declínio ao chão
me perguntei se minha luta foi em vão.
Lutei por terras , falhei ao cair
mas ao menos servi a nação.

Nação, poderia me ceder um cigarro?
Nação, poderia me dar um trocado mais justo?
Nação, para que tanta destruição?
Nação, por você eu morri em vão?
Nação, para onde as almas de todas as suas crianças vão?

Nação...a guerra, causa de tantas mortes e destruição, sempre esteve em suas mãos.